Depoimento – Jacqueline Delgaudio

Sou a Jacqueline, enfermeira há 13 anos. Tudo começou em 3 de setembro de 2021, quando tive uma cólica renal. Realizei um ultrassom que constatou um cálculo renal. Até esse momento, não sabia que tinha esse cálculo. Tomei medicação simples e fiquei bem. No dia 4 de outubro do mesmo ano, senti novamente a cólica, só que com mais intensidade, e que não passou com medicação simples. Fiquei em torno de 24 horas com medicação para dor a cada 4 horas, e não passava.

Comecei a ter uma bacteremia em torno de 18 horas após o início da cólica, com tremores de forte intensidade, sentindo muito frio, temperatura em torno de 39 graus, com náuseas e vômito. Após 6 horas desses sintomas, comecei a perder os sentidos. Não conseguiram verificar minha pressão com aparelho doméstico. Fui encaminhada ao pronto socorro próximo à minha residência e onde trabalho. Verificado pressão 60×30, reiniciada no mesmo momento reposição de volume em torno de 2 litros. Só após 4 horas a pressão começou a melhorar. Foram coletados exames com todos os parâmetros alterados. Foi aí que comecei a conhecer o outro lado da sepse, o lado do paciente, mas não fui informada que seria uma provável sepse.

Fui transferida para um hospital de referência urológica 3 dias após a internação no primeiro hospital. Aguardei mais de 2 dias para avaliação para ver a possibilidade de cirurgia de retirada do cálculo. Mas nesse segundo hospital, só estava com medicação para dor e sem antibioticoterapia. Foi nesse momento que tive uma recaída. Comecei com falta de ar, um pouco de confusão mental, mas sem febre, pois estava com analgésicos e antitérmicos. Comecei a negar medicação. Foi aí que o médico foi chamado para conversar comigo e verificou que eu estava me deteriorando.

Fui encaminhada à sala de emergência, foi nesse momento que o médico fechou o diagnóstico de sepse de foco urinário, pois a pedra obstruiu meu rim e tive uma pielonefrite. Fui informada que seria entubada e que estava com sepse. Foi aí que começou, na realidade, minha luta contra esse terrível diagnóstico. Foram 17 dias entubada, com passagem de SNE e todos os procedimentos necessários. Quando foi retirado o tubo, não consegui manter a saturação, fui reintubada por mais 24 horas. Daí sim, consegui ficar estável após esse tempo.

Após esse período, com 10 quilos a menos, pois não parava de vomitar com a dieta enteral e mais medicações que irritaram meu estômago, foram 22 dias de UTI e 31 dias hospitalizada. Iniciei minha recuperação pós-sepse. Até o momento, tenho fraqueza de um lado do corpo, perdi um pouco da memória, pois não lembro de coisas do passado, fiquei com tremores nas mãos devido a medicações ou estresse pós-traumático. Hoje permaneço com a bactéria que me fez entrar nesse quadro. Não consigo mais trabalhar numa UTI, pois fiquei com trauma dos ruídos dos aparelhos. Vou me adaptando no que posso e consigo. Hoje sou sobrevivente da sepse, com essa história para contar.

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Responsabilidade técnica: Regis Goulart Rosa (CRM-RS 31801)
RQE Medicina Intensiva 20217



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