Depoimento – Leticia

Meu nome é Leticia, moro em São Paulo/ SP, tenho 27 anos e sou Fisioterapeuta.

Eu sofri um choque séptico em fevereiro de 2018, quando tinha apenas 22 anos. Sou uma pessoa saudável, nunca tinha ficado internada, não tinha/ tenho nenhuma doença. Tudo começou com sintomas típicos de uma infecção: dor na garganta, febre, tosse, nariz entupido. Nada que eu nunca tivesse tido antes. No dia seguinte do início dos sintomas resolvi procurar um hospital. Ali mesmo já fui diagnósticada com um choque séptico e, poucas horas depois que dei entrada na emergência, estava entubada e na UTI. Não me lembro de quase nada, mas fiquei 16 dias entubada, 27 dias na UTI e 62 dias internada.

Durante esse tempo, tive diversas complicações, como SDRA, insuficiência renal aguda (precisei realizar hemodiálise), derrame pleural (com necessidade de dreno de tórax), infecções hospitalares por bactérias resistentes e difíceis de tratar, precisei de transfusões de sangue, fui pronada, fui cardiovertida, entre outras coisas.. A pior delas, pra mim, foi a polineuropatia do doente crítico. Por causa dela eu acordei sem nenhum movimento do meu corpo, com uma tetraparesia. Também acordei totalmente sem voz e não conseguia deglutir.

Reabilita Sepse

Eu era uma jovem, de 22 anos, que de uma hora pra outra não conseguia mais falar, comer, nem me mexer. Na UTI, sem acompanhante, mal conseguia chamar um enfermeiro, porque não tinha voz para gritar ou movimento dos braços para acenar. Nunca me esqueci de uma noite que não consegui dormir, porque meu pé saiu do cobertor e não consegui chamar ninguém para cobri-lo, algo tão simples. Sentia dores e desconforto o tempo inteiro, chorava quando me manuseavam, durante o banho e as trocas, por exemplo. Passei muitas noites em claro, chorando, pensando quando aquilo ia passar, e se ia passar. Houve momentos em que eu desejei morrer, para aquele sofrimento acabar.

Foram os dias mais tristes e difíceis da minha vida. Hoje, já bem, eu sempre penso que eu já fui muito mais forte, pois não sei se conseguiria passar por isso denovo. O sofrimento, apesar de demorar, acabou. Eu consegui recuperar todos os meus movimentos. Voltei a andar poucos meses depois da sepse, mas me vi totalmente recuperada apenas por volta de 1 ano depois. Tive uma reinternação no mesmo ano, que me fez pensar que a partir daquele ano minha vida seria assim: cheia de hospitalizações e problemas de saúde. Mas aquela foi a segunda e última internação até hoje, quase 5 anos depois. Estou bem, voltando a ser quem eu era antes da sepse.

Recebi um atendimento muito bom, num hospital público, e acredito que graças a esse atendimento estou aqui hoje, contando a minha história. Sou grata e feliz pela forma e velocidade em que me recuperei, mas sei que nem todas as vítimas de sepse tiveram esse mesmo desfecho. Por isso atualmente sou envolvida nessa causa e sigo lutando para que mais pacientes vítimas de sepse possam recuperar suas vidas, assim como eu recuperei a minha.

Envie o seu depoimento! Você é sobrevivente de sepse ou é familiar de alguém que foi vítima da sepse? Gostaria de deixar o depoimento do que aconteceu com você ou seu familiar? Basta preencher o formulário de contato clicando aqui!.



Responsabilidade técnica: Regis Goulart Rosa (CRM-RS 31801)
RQE Medicina Intensiva 20217



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