O presente texto tem por objetivo falar sobre da atuação da Terapia Ocupacional, tanto com as pessoas que passaram pelo quadro de sepse e tiveram algum acometimento, quanto com os seus cuidadores, sejam eles formais ou familiares.
É importante destacar que as pessoas que passaram pelo quadro de sepse com longos períodos de internação, deixaram de fazer várias atividades que antes faziam de maneira independente, desde as mais simples até as mais complexas, como por exemplo: alimentar-se sozinho, vestir-se, tomar banho sozinho, dirigir e até controlar as suas finanças.
Desta forma, cabe ao terapeuta ocupacional favorecer a independência e a autonomia desses pacientes. Como é possível fazer isso?
Através da confecção de adaptações e do treino das atividades básicas de vida diária, para melhorar o desempenho do paciente nessas atividades, como por exemplo, a confecção de engrossador para talheres para os pacientes que têm dificuldade na preensão do utensílio e melhorar o seu desempenho no momento da alimentação.
Uma outra possível intervenção para melhorar a independência do paciente é através dos treinos funcionais, exercícios voltados tanto para a coordenação motora grossa, quanto a coordenação motora fina. Além disso, o declínio cognitivo também é uma sequela importante nos pacientes pós-sepse. Mas o que isso significa?
Alguns pacientes apresentam dificuldades em algumas habilidades cognitivas, por exemplo, na atenção, memória, organização do pensamento, raciocínio lógico, pensamento estratégico e na orientação do tempo e espaço. São pacientes que têm dificuldade para dizer que dia é hoje, e onde ele está. Cabe ao terapeuta ocupacional favorecer a estimulação cognitiva, através de jogos como sudoku, jogo da memória, caça-palavras, palavras cruzadas, xadrez, atividades manuais ou expressivas.
Outra intervenção importante da Terapia Ocupacional são as orientações e o empoderamento do cuidador, para que ele faça parte do processo de reabilitação do paciente, e para que o paciente possa ser protagonista do seu próprio fazer. O cuidador deve ser sempre orientado a fazer junto com o paciente e nunca pelo paciente.
São indicadas também atividades direcionadas para que o cuidador possa estimular a cognição do paciente, uma vez que o cuidador não deixa de ser uma extensão do trabalho da terapia ocupacional.
A atuação da Terapia Ocupacional abrange a prescrição e confecção das órteses. Órteses são recursos utilizados para melhorar o posicionamento do paciente, principalmente para aqueles que passam longos períodos acamados. Além disso, são recursos utilizados para auxiliar o paciente no treino de marcha junto com a fisioterapia, ou para melhorar a amplitude de movimento de um determinado membro.
Por fim, devemos destacar importância do atendimento multidisciplinar, uma vez que as sequelas da sepse não podem ser vistas de maneira isolada.
Terapeuta Ocupacional do Hospital Beneficência Portuguesa
Graduada em Terapia Ocupacional pelo Centro Universitário São Camilo
Pós-graduada em Terapia Ocupacional: Uma visão Dinâmica em Neurologia pelo Instituto Avançado de Ensino, Pesquisa e Tecnologia de Londrina
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