Depoimento – Gabriella C. Allegretti

Olá, minha sepse ocorreu quando eu tinha 18 anos, e eu nunca tinha ouvido falar dessa infecção na minha vida. Mais especificamente, iniciou no dia 22 de dezembro de 2023 (pelo que eu sei). Eu estava vomitando muito, sem forças nem para ficar em pé, com dor no corpo e olhos bem fundos.

Por eu ter gastrite, meus pais não se apavoraram a princípio, então fiquei até o período da tarde em casa passando mal, sem ir ao hospital.

Chegou uma hora que eu não aguentava mais e supliquei para que fôssemos, mesmo que eu só precisasse tomar um remédio para enjoo ou qualquer coisa. No caminho, meus olhos quase não abriam mais. Foi terrível, mas mesmo assim não achávamos que era algo sério. Eu sempre fui aquela pessoa que fica deitada na cama o dia todo quando pega uma gripezinha, então não devia ser nada.

Quando viram meus batimentos cardíacos estavam a 170. Fui levada de imediato para fazer os exames e tomar a medicação. Medicação vai, medicação vem, e nada melhorava. Comecei a ficar com febre, tremedeira, uma dor no canto do estômago. Nada melhorava.

Falaram que eu deveria fazer um exame de urina e disseram que talvez uma cadeira de rodas não seria necessária. Andei pelo caminho até o banheiro com minha mãe e entrei sozinha. Senti tudo girando, um zumbido alto no meu ouvido e minha vista apagando. Consegui me vestir e abrir a porta do banheiro. O que para mim aconteceu em minutos, para minha mãe foram segundos até ela se aproximar e eu jogar o meu peso em cima dela. Com a visão preta e não conseguindo me segurar, fui caindo no chão apenas escutando os gritos da equipe.

Me colocaram deitada depois. Uma enfermeira dizia para eu não dormir. Mediram minha pressão e estava 3 e pouquinho. Aplicaram alguma coisa em mim e, aos poucos, fui voltando ao normal. O médico apareceu e disse que não me liberaria porque era algo mais grave do que pensávamos.

Fui levada para a observação e me deram a sopa mais gostosa da minha vida depois de eu ter passado por poucas e boas (risos). Após comer, eu estava brincando e esperando poder ir embora, mas a médica apareceu com o diagnóstico de sepse, dizendo que eu iria para a UTI.

Nesse momento, ela disse que se eu tivesse esperado mais um dia para ir ao hospital, talvez não daria mais tempo. UTI lotada, mas a médica certificou que abrissem um quarto que estava em desuso para mim. Passei o Natal lá. Foram dias de muita angústia e medo. Meu enjoo não passou por um minuto. Tive medo várias vezes de não conseguir superar, mas sempre demonstrando muito otimismo por minha mãe estar mais preocupada do que eu. Triste porque em algum momento não acreditou que fosse algo tão sério. Do dia 24 para o dia 25 foram os piores. Uma sensação inexplicável. Eu não conseguia sustentar meu corpo nem para tomar banho. Meu corpo doía. Meus braços estavam todos roxos de veias estouradas, e eu, que sempre tive fobia de agulha, estava muito apavorada. Era difícil dormir com os sons dos aparelhos. Às vezes eu acordava de sobressalto com o aparelho apitando que meus batimentos estavam a mais de 180. Lá estava um frio imensurável. Era horrível olhar nas redes sociais e ver todo mundo comemorando o Natal enquanto eu estava no hospital debilitada. No dia 26, enfim, fui levada para o quarto, que era quentinho e onde não precisava mais fazer exames de sangue toda hora (risos).

Fui melhorando aos poucos. Voltei para casa no dia 28, estava apavorada de passar o Ano Novo lá, mas com os exames indicando que a sepse já estava “curada”, fui para casa. Foram dias difíceis em casa: ainda enjoo, dores, antibióticos, inúmeros remédios, fraqueza e perda de peso. Sempre fui magra, mas nesse período cheguei a pesar 37 quilos tendo 1,63m. Depois de uns 15 dias eu já estava recuperada. Não fiquei com sequelas, felizmente, mas coisas como taquicardia, queda de cabelo e de peso precisaram de uma atenção maior na minha rotina. Hoje em dia estou me sentindo ótima, mas termino meu relato dizendo: Está se sentindo doente? Mesmo que ache que é algo fútil? Vá ao hospital! Não importa se você chegar lá, tomar um remédio simples e melhorar, mas vá. Essas pequenas ações podem salvar sua vida. Um minuto de diferença pode definir seu diagnóstico. Não tenha medo de julgamentos e celebre a vida todos os dias que você viver.

Gabriella C. Allegretti – Guarulhos/SP

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