Depoimento – Marcela Ortiz

Meu nome é Marcela e gostaria de contar o caso da minha mãe, que tem 57 anos. No dia 31/05/2023, ela chegou mais cedo do trabalho, apresentando febre baixa, dor de barriga e vômitos. Inicialmente, acreditamos que poderia ser uma virose.

Por volta da 1h da manhã do dia 1/06/2023, poucas horas após ela ter começado a se sentir mal, fui ao quarto dela para ajudá-la a ir ao banheiro e percebi que ela estava muito fraca, pálida e com os lábios começando a ficar roxos. Preocupada, verifiquei sua temperatura, que estava 34.3°C , e foi aí que minha preocupação aumentou, pois o antitérmico que ela havia tomado baixou demasiadamente sua temperatura.

Como ela estava muito fraca, tentei sentir seu pulso e estava muito fraco. Sem hesitar, levei-a imediatamente para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde ela começou a apresentar sintomas ainda mais graves. Vômitos, dor abdominal, desconforto no lado esquerdo das costas e uma sensação de fraqueza intensa que a impedia de se manter sentada.

Tivemos a sorte de sermos prontamente atendidos por um médico incrível na UPA que, em menos de 5 minutos, suspeitou de sepse. Para garantir um atendimento ágil e facilitar a realização dos exames necessários, decidi transferi-la para um hospital particular.

Chegamos e foi uma enxurrada de exames; cada minuto parecia uma eternidade. A pressão dela diminuía a cada momento, e o roxo, que antes era quase imperceptível nos lábios, agora tomava conta não apenas deles, mas também do nariz e parte do buço . Os médicos tiveram  dificuldades para estabilizá-la e foi uma madrugada desesperadora.

Somente às 4h da manhã, obtivemos o diagnóstico confirmado de sepse com foco pulmonar, e foi necessária a sua  transferência para a UTI. Conseguimos uma vaga na Santa Casa de Rio Claro, e então se seguiram 13 dias de pura angústia. Minha mãe, que sempre foi muito ativa, estava irreconhecível! Ela mal conseguia falar devido à falta de ar, e sua palidez evidenciava a gravidade do quadro. Era tratada com noradrenalina, oxigênio e infusão  de antibióticos.

A fé foi essencial nesse processo, mas, mesmo assim, o desespero, medo e insegurança pairavam constantemente, algo que eu nunca havia sentido antes. Como poderia ela, de um dia para o outro, estar passando por tudo isso? Eu não conseguia entender.

A melhora dela foi gradual, com pequenos avanços no meio do caminho; ainda assim, ela demonstrou muita força e não precisou ser entubada, também não teve danos em nenhum órgão, necessitando apenas de uma troca de antibióticos.

Como filha, minha ansiedade era tão intensa que mal conseguia comer e dormia apenas algumas horas por dia. Cada vez que meu celular tocava, a incerteza me atingia de forma indescritível, tornando cada ligação uma fonte de desespero. O medo me acompanhava 24 horas por dia, e, para tentar entender melhor a situação da minha mãe, comecei a pesquisar sobre o quadro clínico dela e a respeito da sepse. Entretanto, tudo o que lia me causava ainda mais apreensão.

Nesse momento, encontrei o site “Reabilita Sepse” e alguns grupos no Facebook que me trouxeram certo alívio e tranquilidade.

Hoje, após receber alta, estou um pouco mais aliviada. As sequelas foram principalmente musculares, com dores nas pernas e tremores nas mãos quando faz muito esforço, devido ao longo período que ela passou na cama. Minha mãe foi uma guerreira, enfrentando tudo isso de uma forma que me enche de orgulho. Ela já voltou ao trabalho e tem levado a vida com uma resiliência admirável, considerando tudo pelo que passou.

É verdade que pouco se fala sobre o pós-sepse, e o site tem sido uma grande ajuda para nós. Minha mãe já iniciou visitas a diversos médicos, e faremos um check-up completo para que ela possa se recuperar das sequelas de forma mais rápida e eficiente. As sessões de fisioterapia também têm sido muito benéficas. Entretanto, como familiar, devo admitir que a ansiedade gerada por essa experiência exigirá que eu busque terapia para lidar com ela.

Gostaria de expressar minha gratidão ao projeto Reabilita Sepse e de encorajar todos que estão passando por situações semelhantes a manterem a fé, a força e a determinação.

Marcela Ortiz – Rio Claro/SP

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